terça-feira, 9 de agosto de 2011

Go Rimbaud

I tore off my clothes
I dance to my shoes
I rip my skin open
and then I break through

sexta-feira, 11 de julho de 2008

In all you raging glory...

Uma olhada em volta, uma procurada cá e lá fazem aparecer a diferença: quase não há mais músicas para ouvir aqui. O texto, a confissão está no fim, e é justo traçar isto com a minha vida que, afinal, nunca passou de texto e música. In a simple twist of fate, eu agora fico pela metade quando estou aqui, nesta cidade, que já não tem mais espaço para minhas velhas músicas e poucas ilusões.
(Taí uma coisa que me incomoda - falar em pessoas tendo ilusões. Mas não consigo pensar num termo melhor para definir este estado em que ficamos espacialmente dispersos, quase inertes, enquanto as músicas começam a ser reconhecidas à volta, os assuntos se embaralham e pessoas há tanto tempo desaparecidas reaparecem por um breve instante).
Há restos de mim espalhados por todo o lugar, aquelas digitais espectrais que ficam registradas nas coisas, nos lugares e que se manifestam com um olhar ou uma palavra musical. É incrivelmente solitário falar nisso aqui, porque tenho a incômoda sensação de que não terei outro lugar onde eu possa olhar em volta e sentir que tudo está no seu devido lugar; acho que essa impressão é muito pela idade, e muito mais pelas escolhas, claro. (Muito embora seja difícil falar em escolhas quando tudo pareceu tão natural, até mesmo óbvio - e é completamente estúpido pensar se havia realmente alguma escolha. Especialmente porque escolhas só se revelam como tal quando já foram feitas e deixaram de ser escolhas). Tenho estado aqui cada vez menos, e cada vez que venho alguma coisa é apagada, retirada, levada para outro lugar; ou assume um aspecto incômodo de mofo. O que antes era feito com tanta dedicação, tanto esmero torna-se (não de repente, lentamente) mecanicamente sem consequências - leva exatamente aonde deveria levar, sem ilusões espaciais, sem ser mais do que estritamente deveria.
As digitais fantasmagóricas também aparecem cada vez menos, porque há muito menos lugares onde deixá-las - quando o "menos" indica intensidade. Lugares - um espaço, aqui dentro - em que vidas paralelas são vividas aos pedaços, descontinuamente, todas ao mesmo tempo. Ou melhor, restos de vidas, vestígios de vidas, em que cada vez é mais difícil que uma apareça em toda a sua glória. De consolo, a preocupação antiga, antiga de coerências e sentidos, de continuidades e páginas completas, esta foi deixada de lado. Não se pode banir todos os mistérios de sua vida por uma operação tão,tão...
O reconforto - necessário para que se possa prosseguir, mesmo que os caminhos só levem para outras dispersões - está aqui, neste processo que não é só escrita, mas também é encontrar alguns sinais (smiled at your funny little ways, the measure of my dreams, never knowing out what it means), neste momento em que a parada é mais importante do que o que está à frente. Para juntar pedaços? Não,não, mais para que ainda existam sinais, uma vez que eles saem do mesmo lugar onde chegam, embora passem por muitas, muitas pessoas - às vezes até mesmo trazem algumas consigo, mesmo que seja para dar algum sentido de unidade a toda esta dispersão, a todos estes vestígios.
O momento passou, o nunca-saber e os funny little ways ainda estão aqui.
Boa noite.